terça-feira, 7 de novembro de 2017

Carrasco

Princípios são algo que se tem, algo sobre o qual nos avaliam e valorizam, não são coisas pelas quais nós nos avaliemos, valorizemos ou identifiquemos para os outros... Falsidade, mentira, hipocrisia, arrogância, orgulho, frieza... Nunca ninguém os irá admitir, mesmo que sejam a base da personalidade de alguém por muito que não gostem de o ser. Dizer que não o somos não nos inocula dessa essência que vive em nós e desses venenos que alimentam os seres pequenos. Tenho o meu quê de pequeno também, sou vingativo, mas cada vez menos. A tristeza de sentir aqueles outros venenos constantemente injectados na minha pele por quem deveria ter aprendido a saber Amar, destrói o meu EU. Todos os dias, das sombras e silêncio, sinto as presas afiadas de um monstro que deixei entrar na minha vida ferrar-me na carne. Chama-se passado... Um passado tão recente... Um monstro que permiti envolver na inocência da entrega.

Existem palavras que ainda batem forte na minha cabeça como um enorme sino de uma igreja...
Integridade, não existe da boca de quem o declama.
Amor, não existe da boca de quem o fala.
Sentimento, não existe da boca de quem o profere.
Resiliência, não existe da boca de quem o aponta.
Saudade, não existe da boca de quem o responde.

Quem me dera poder ouvir toda a verdade do que vivi.
Queria poder apenas acreditar que o Amor existiu, queria senti-lo e não ouvi-lo ser rezado para o ar da boca de qualquer bispo de uma igreja dos princípios puristas inexistentes.

Estes são tempos negros... Tempos em que este cofre há tanto fechado voltou a abrir-se para esconder e tentar conter o negrume que consome uma alma magoada e condenada. As feridas que deviam fechar com o tempo apenas sangram cada vez mais... Dia a dia as lacerações do desprezo abrem-se cada vez mais e um grito de ajuda não sai da alma a pedir clemência, a força falta e cada mais um dia, o espírito sucumbe.

Nunca ninguém teve tanto, sem dar tão nada camuflado por chavões criados na Internet: " O Amor dá-se sem esperar nada em troca.", isto é o que ouvirás da boca do teu cárcere antes de se tornar no teu carrasco.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Metadona


Passaram pouco mais de 4 dias e ainda estás entranhada em mim…


Sinto o corpo ainda tremer por cada vez que me lembro de nós os dois juntos… Tão estranho… Como uma árvore retorcida sinto o meu corpo vergar-se vezes e vezes sem conta sobre si mesmo. Se pudesse só ter mais uma dose… Pequena… Uma dose sem ninguém saber… Ou então tomava um pouco menos todos os dias, sem ter de deixar de tomar-te em mim assim… Mas não dá para reduzir, ou é tudo ou nada, a forma como a tua falta se faz sentir até nas pequenas doses já me faz abalar… E tu tomas conta de mim… Assim que me deixasse cair novamente, aquecias-me, confortavas-me, deixavas-me utopicamente feliz. Sedado da realidade, criava os meus sonhos em volta daqueles riscos de céu colorido que me davas… Adormecido da realidade, alimentava-me da falta de comida e enchia-me de ti.


És a ilusão perfeita, tudo aquilo que vejo é o que não és, tudo o que penso fazer contigo é o que não fazes de mim e quando da noite se abrem os olhos fica tudo baço… És a droga que me tolda o sentido, que me apaga o caminho, que me pega no colo, que me deixa sozinho. Pouco mais de 4 dias e já me sinto a definhar por nem um cheiro te poder dar, fico pequeno, pequeno, escondidinho num canto para nem eu próprio me encontrar, para não dar parte fraca novamente e me entregar de braços abertos cegamente. Vou deixar passar mais uns minutos, uns dias, semanas, sei lá… Não sei o que aguento longe… Uma corrida tua agora nos meus sentidos acabava com toda esta ausência e sofrimento… O teu toque agora nas minhas células, escondia-me longe outra vez a dura realidade.


Um passo de cada vez… Um dia de cada vez… Se não acredito no que bom fazes por mim, que seja de vez um adeus para te esquecer e aprender a ter felicidades pintadas com verdade e não sonhos riscados de mentira.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Medo de viver

Tenho medo de sentir, mais mal que bem, então escondo-me para não me magoar e acabo por não me apaixonar...

Medo de arriscar, para não ter de perder, depois poderia ter de viver na cara da derrota e sentir-me-ia um eterno esmagado, mas até que podia ganhar... Não sei...

Medo de tocar para não partir, então deixo o desejo do tacto entregue ao esquecimento, mas até que poderia satisfazer...

Medo de sair deste confortável desconforto, onde de amorfo irradio alegria muda, mas até poderia ganhar o direito a descansar naquelas mãos...

Medo de assumir o que penso, não quero, evito magoar-te e escolho portanto magoar-me a mim mantendo o silêncio, custa acreditar que um grito possa mostrar o caminho certo...

Medo de viver, porque não quero morrer! Então escondo-me da vida, das decisões, das oportunidades, dos sofrimentos, dos desejos, dos prazeres, das alegrias, das desilusões, dos sonhos, das vitórias, das vergonhas...

Medo de Amar... Medo de Amar... Sim é verdade... Não irias compreender... Muitos somos os que têm medo de fazer algo tão bom e que tantas vezes corre tão mal... Porque não compreenderias, perguntas tu? És assim tão obtusa e eu tão iluminado? Não, simplesmente porque não queres compreender... Existem coisas sem nome, sem explicação, sem lógica, sem sentido e onde apenas o objectivo é deixarmos o nosso Ser entregar-se à loucura dos sonhos que vivemos acordados... Tudo é possível...

Medo de Apaixonar-me, roubar-te para mim, resolver todas as indecisões, mostrar que o Mundo apenas faz sentido quando nos olhamos daquela forma em que salas cheias ficam vazias, em que desejos ardentes consomem Universos atrás de Universos para no final apenas existir uma célula... um organismo unicelular em toda a existência... Nós!


segunda-feira, 12 de março de 2012

Moldando as frequências do Sonho

Música, muita música é por onde tenho andado... Já com originais e sem banda, já com banda a tocar alto e sem originais e até já com uma segunda banda em "unplugged" e a ponderar algumas originalidades. Cada vez mais a letra se une ao som e o que penso sai cantarolado... Por entre gravações e actuações já vou calejando os dedos, as cordas e a mente a criar o que chamei de "Choooosh"... O que é? A outra vertente...

Antes saiam palavras e frases, textos e sentimentos, igualmente saiam notas, acordes e sons... Mas foram sempre alimentados de formas diferentes, servindo fins distintos. De há uns tempos para cá finalmente consegui fundir as duas vertentes e para já o saldo vai sendo positivo. Quero chegar ao próximo passo, à gravação, o material ganha forma, apenas paciência e motivação externa me separam das pequenas e seguintes fronteiras a ultrapassar. Existem pelo menos mais 4  na calha de sair para o forno, com o que já está publicado faz 5 e depois desse prólogo veremos o que fechará.

Baterista e baixista procuram-se... Para tocar o quê? O que o Coração mandar, o que o cérebro alienar.

terça-feira, 6 de março de 2012

Back to the primitive

Já tinha saudades de escrever. Escrever qualquer coisa nem que seja um olá para quem ainda possa estar aí...

Olá... Estou de volta...

domingo, 24 de julho de 2011

Agora: TUDO ou NADA!

Não há dia nem noite em que não tenha de degladiar-me para acreditar em coisas que vejo e não fazem sentido e outras que não vejo e fazem todo o sentido. Um combate constante e interminável por acreditar no que me falta e no que tenho e parece-me sempre tão pouco... Sabes bem porquê! Porque houve um dia que disseste: TUDO! E nos dias seguintes fazes: NADA! Sei que nos sentimos muitas vezes como esse TUDO que tanto gostas de apregoar, mas se experimentasses estar sentado no meu lugar perceberias o NADA que tudo isso parece. Estragas, corrompes, gastas, cansas, destróis, pisas, queimas, desfazes, quebras, arrasas e pensas que duas palavras, um olhar e um beijo podem reconstruir e sarar TUDO o que fizeste de mal? Sempre fui um TUDO e tu não pareces querer vencer o NADA em que fizeste por te tornar.

Não faças mais nada, deixa estar como achas que te parece ser uma posição de força da qual sairás com uma vitória...

Não faças esse TUDO que tantas vezes prometeste e em NADA te tornarás. NADA serás tu quando pensares que poderás novamente mergulhar no meu olhar.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Azedo

Qual a quantidade de vezes que nos satisfazem em falarmos com quem gostamos? 5 por dia? 10? 100? 1000? Não me parece que existam um númeroa de vezes que possamos contar para falarmos com alguém de quem gostamos... Mas a verdade é que quando se começam a trocar mensagens do tipo "td bem?"... "yap"... "ok", isto é, com menos de 20 caracteres e que não exprimam uma emoção espontanea, sincera e forte, é porque claramente já se ultrapassou o limitemáximo, pelo menos desse dia... Quando nos ligamos e a conversa é um: "Então?", "Tá tudo bem e contigo?", "Também, que andas a fazer?", "Eh nada de especial", "Ah pois, eu também andava por aqui", "Ok, então vá!", "Té logo", "Ciao, beijoca", "Beijos, gosto muito de ti".......

Ia escrevendo e estava cheio de ideias e mais uma vez da tua boca uma única chamada tinha de azedar.